- A autonomia é importante para que os desenvolvedores dediquem-se mais a sua carreira e os gestores melhorem a gestão de talentos.
- Uma maior autonomia ao time de desenvolvedores de software permite que o projeto caminhe de uma forma mais rápida.
- Em ambientes estressantes, onde há práticas de microgerenciamento, o número de colaboradores que optam por sair da empresa é maior.
- A transparência e a comunicação são os pontos cruciais para se alcançar o equilíbrio entre autonomia e responsabilidade.
A palavra autonomia tem seu significado relacionado com independência, liberdade ou autossuficiência. Poderia ser descrita também como a liberdade de um indivíduo realizar racionalmente suas próprias escolhas.
Boa parte dos profissionais que atuam no mercado, buscam por uma maior autonomia no seu ambiente de trabalho. Em razão disso, um dos principais pontos para a insatisfação dos colaboradores e, até mesmo o próprio desligamento deles em uma empresa, está associado a falta de liberdade.
Verifica-se que colaboradores que têm autonomia possuem uma grande sensação de pertencimento. Eles entendem que a empresa confia e acredita no seu trabalho e nas decisões tomadas por eles, o que melhora o clima organizacional como um todo.
A tecnologia assume um protagonismo cada vez maior e, na era da informação, o desenvolvimento de software é uma das áreas mais valorizadas no mercado de trabalho.
A cada dia novas soluções tecnológicas surgem para variar a forma como desempenhamos determinadas tarefas. E, diante da necessidade de softwares cada vez mais funcionais e sofisticados, os desenvolvedores precisam encontrar soluções para superar os obstáculos que aparecem.
Tudo é muito dinâmico no desenvolvimento de software, portanto é importante definir como o trabalho será conduzido e acompanhado. Em empresas tradicionais o escopo é pouco flexível, devido a uma metodologia estruturada e o modelo em cascata.
Porém, existe uma tendência cada vez maior da utilização de metodologias ágeis nas empresas. Em tempos de transformação digital se faz necessário uma maior flexibilização, alinhamentos constantes e feedbacks.

O Microgerenciamento nas equipes de Desenvolvimento
O microgerenciamento é o estilo de gestão onde os gestores observam e controlam de perto o trabalho de seus colaboradores. No primeiro momento pode parecer cuidado para entregar um serviço de qualidade, mas, no geral, o gestor apenas quer que as coisas saiam do seu jeito.
Esse costume de gestão está entrelaçado na cultura de empresas que optam por um escopo com baixa flexibilidade. Muitas organizações, que atuam no mercado de desenvolvimento de software, ainda encontram dificuldades na estrutura de desenvolvimento de um projeto e acabam pressionando os desenvolvedores para terminá-los o mais rápido possível.
Steve McConnell, especialista de engenharia de software, abordou em seu livro Software Project Survival Guide, sobre o Cone da Incerteza, principal responsável por atrasos e replanejamento de projetos.
Ele observou que o erro da estimativa, no início do escopo de um projeto, pode ser de até 8 vezes. Consequentemente, esse erro reduz conforme se conhece mais do problema e da solução que está sendo desenvolvida.
A pressão por entrega de resultados acaba incentivando os líderes e os gestores dos projetos a praticarem um controle excessivo sobre o time de desenvolvedores. É preciso ficar atento aos problemas que o microgerenciamento pode levar à empresa.
Abaixo, listei os 4 principais problemas que a microgerência pode acarretar no desenvolvimento de software:
1. Gestor x Equipe
Quando a política da empresa incentiva o microgerenciamento, o gestor precisa ficar o tempo todo em cima de seus colaboradores, observando se as tarefas estão sendo cumpridas, se estão sendo desenvolvidas como foram propostas e, sempre, se atentando aos prazos.
Todo esse comportamento, resulta em um relacionamento cada vez mais distante e mecânico. Além disso, existe um grande risco do gestor ter sua imagem prejudicada, já que ele passará a ser visto por todos como alguém que somente sabe gerenciar uma equipe de forma autoritária.
2. Ambiente de trabalho desgastado
O estresse no ambiente de trabalho ocorre quando seus colaboradores se sentem pressionados demais ou não concordam com as atitudes de seus gestores.
Segundo uma pesquisa da International Stress Management Association, Associação Internacional do Controle do Estresse, o Brasil é o segundo país do mundo que mais gera estresse dentro do ambiente de trabalho.
Pelo menos três, de cada dez pessoas, possuem a síndrome de Burnout, distúrbio depressivo precedido de esgotamento físico e mental.
3. Redução da criatividade e proatividade
As inovações ditam ritmos cada vez mais acelerados, a criatividade é imprescindível para não ficar inerte. E, para colocar essas ideias e soluções em prática, é preciso ser proativo, ousado e corajoso para estar sempre à frente.
Dessa maneira, a empresa acaba inibindo o fluxo de criatividade, proatividade e inovação quando o microgerenciamento é posto em prática.
4. Acelera o índice de rotatividade
O índice de rotatividade aponta o percentual de colaboradores que saem da empresa em determinado período. Em ambientes de trabalho desagradáveis o número de desligamentos são maiores.
Na área de desenvolvimento de software, um ambiente desgastado aumenta ainda mais o índice, já que há uma grande demanda e valorização dos serviços prestados por esses profissionais.

Ter confiança para obter resultados
Quando a empresa identifica que a política de microgerenciamento não é saudável e é muito mais maléfica do que benéfica, para a organização, é hora de uma mudança comportamental.
Identificar que precisa haver uma mudança na política da empresa é o primeiro passo. Posteriormente, é importante compreender onde esse comportamento se origina e qual é sua razão.
Acreditar no potencial da equipe é fundamental para o desenvolvimento da empresa. É preciso ter em mente que os colaboradores são, dentro da empresa, talentos.
Quanto mais o gestor melhora sua forma de gerir, liderar e desenvolver seus colaboradores, mais a equipe se sente motivada a trabalhar. Há uma relação direta entre autonomia e melhora no clima organizacional.
O método: Liberdade com responsabilidade
O voto de confiança que a empresa pode dar ao desenvolvedor é deixá-lo ficar à frente e contribuir com o projeto. Quando existe liberdade para criar, vem mais motivação, mais entregas e mais crescimento.
É importante ressaltar que autonomia é uma via de mão dupla. Os gestores precisam se sentir seguros em relação ao seu time de talentos e essa segurança pode ser estabelecida através da produtividade individual do grupo.
Mas como manter o equilíbrio entre a liberdade e responsabilidade? A transparência e a comunicação são os pontos cruciais para se alcançar esse equilíbrio.
É preciso ser transparente para compreender as próprias limitações. Nesse momento, a comunicação é fundamental para que o processo de desenvolvimento do produto seja realizado nos moldes que a empresa e o cliente definiram.
O desafio torna-se ainda maior quando boa parte dos colaboradores da empresa trabalham remotamente. O home office é uma tendência cada vez mais incorporada nas organizações.
As necessidades atuais de desenvolvimento de soluções e serviços traz essa possibilidade de trabalhar fora do ambiente do escritório. Alguns setores conseguem ter benefícios mais claros ao optar por essa forma de trabalho, como é o caso dos desenvolvedores.
Ao conceder uma maior liberdade, tanto para escolher o melhor horário para desempenhar suas tarefas, quanto para buscar por novas tecnologias, o time de desenvolvimento tem como resultado uma alta produtividade. Porém, é importante ter bastante atenção e cuidado.
Como o gestor não está por perto e nem deseja fazer esse microgerenciamento, como já abordado neste texto, a empresa precisa definir o melhor jeito de metrificar a produtividade dos seus colaboradores.
Dessa forma, é imprescindível o diálogo e a boa comunicação entre todos os relacionados no time. A agenda compartilhada e as conversas em chats ou hangouts são ótimas opções para manter a proximidade com o time remoto.
Kamilla Bittencourt faz parte da nossa equipe de tecnologia, Designer UI/UX. Ela relatou a importância da empresa dar autonomia ao seu time de colaboradores de desenvolvimento de software:
Ter autonomia no desenvolvimento de software é poder ter a liberdade de trabalhar da melhor forma, para levar o melhor ao cliente. Uma empresa que não impõe um microgerenciamento a você, impulsiona a sua produtividade e a criatividade dentro do trabalho.
Autonomia no trabalho e seus benefícios
Dar mais autonomia para os times dentro da empresa tem o retorno muito positivo, tanto para a organização quanto para seus colaboradores. Veja 6 desses benefícios:
1. Estimula o desenvolvimento de novas habilidades
Quando se opta por sair do escritório para realizar home office, significa que o colaborador também optou por sair de sua zona de conforto e ir em busca de novos desafios.
Essa mudança estimula a descoberta de habilidades, talentos, métodos de organização e concentração, que possivelmente ele não sabia que os possuía.
Além do mais, incentiva o colaborador a ir atrás de conhecimento, a aprender novos jeitos de desempenhar as suas funções e buscar informações com outros membros da empresa, fomentando o valor da comunicação.
2. Retenção e atração de talentos
Bons profissionais estão sempre procurando por desafios e ambientes de trabalho que os desenvolva.
Uma empresa onde não há tantas regras de hierarquias, que valoriza a opinião, estimula o conhecimento e tem um grupo inovador, atrai e retém mais esse tipo de profissional.
3. Rapidez no desenvolvimento do software
Time de desenvolvedores com maior liberdade de criação e desenvolvimento de seus projetos sentem-se mais engajados e consequentemente entregam resultados de forma mais rápida.
4. Avanço nos resultados da empresa
Tendo equipes mais motivadas e mais produtivas, há uma melhora nos resultados da empresa, diferente dos frutos colhidos por aquelas que são mais rígidas e fiscalizadoras.
Quando o colaborador se sente livre, ele se sente mais confortável para desenvolver seus projetos e torna-se eficiente.
5. Realização no ambiente de trabalho
Ao tirar o colaborador da sua zona de conforto, dando-lhes independência suficiente para que tomem suas próprias decisões na resolução de problemas, os gestores buscam estimular e, principalmente, fazer com que ele se sinta valorizado e reconhecido pelos seus talentos.
6. Responsabilidade dos times
Quando a empresa foge dos moldes tradicionais e acredita na autonomia dos seus colaboradores, eles compreendem a necessidade de serem mais responsáveis no cumprimento de todas as atividades.
As equipes que se sentem reconhecidas, que entendem a política da empresa e são responsáveis, são o ponto chave para o crescimento do negócio.
Seu time está pronto para ser mais autônomo?
Acabamos de identificar os benefícios que uma maior liberdade resulta para empresa e colaboradores. Porém, é importante ressaltarmos que nem toda empresa se encaixa nesse perfil. Cabe ao gestor analisar e identificar se esse modelo faz sentido para o grupo.
Times remotos de desenvolvedores de software fazem muito sentido e trazem bons retornos para as empresas que os adotam. Ao analisar e identificar que faz sentido para a empresa ter colaboradores mais autônomos, o gestor deve pensar em soluções para habilitá-los. E como dar liberdade no trabalho dos desenvolvedores?
O primeiro passo é realizar um excelente processo de contratação, contratar profissionais alinhados com a cultura da empresa e que possuem bom conhecimento técnico.
Segundo, é a implementação do onboarding, a empresa precisa aproximar o novo colaborador a sua cultura organizacional. Terceiro, capacitar a equipe e estimular a busca por conhecimento.
E, por fim, identificar as competências e dificuldades de cada um do time de desenvolvedores para que assim o gestor seja capaz de identificar, exatamente, para quem delegar determinada tarefa, ou seja, definir os líderes de cada equipe.

Conclusão
Não é necessário que o gestor saia delegando todas as tarefas que surgir. É importante confiar, criar um clima confortável, comunicativo dentro da equipe e, principalmente, ficar atento ao que está sendo desenvolvido, para intervir quando identificar uma má decisão.
As empresas identificaram que certos grupos de profissionais trabalham melhor quando se sentem mais livres para impor suas ideias e realizar os projetos da forma que for trazer um retorno maior para a organização.
Desenvolvedores de software autônomos são mais felizes, motivados e ágeis para entregar seus projetos.
Ao motivá-los, o turnover da empresa reduz, diminuindo os custos que a organização sofre com todo o processo de desligamento de um colaborador e os custos que, novamente, a empresa terá que ter, ao fazer desde o processo de seleção até inclusão desde colaborador no time, além de todo tempo que é gasto nesse processo.