- O objetivo do Ciclo é obter e disponibilizar dados e informações relevantes a respeito dos objetos de estudo da empresa, priorizando a ordem dos processos da organização.
- O Ciclo é um dos principais fatores para auxiliar os produtos de Inteligência de Mercado à alcançarem os resultados desejados.
- O Ciclo tem uma sequência a ser seguida, mas não quer dizer que uma etapa não possa fazer parte de outra.
Os cenários estão mais competitivos do que nunca. Em um estudo da Crayon, foi apresentado que 87% das empresas pesquisadas afirmaram que seus setores ficaram mais competitivos nos últimos três anos, e 49% disseram que ficou muito mais competitivo.
Nesse mesmo estudo, 96% dos profissionais de negócios afirmaram que concordam que a área de Inteligência é crucial para o sucesso de suas respectivas organizações. Diante desse contexto, a importância de investir em Inteligência fica cada vez mais clara.
Então, para que esses resultados possam surgir, é importante que o setor aplique os processos que podem auxiliar nesse sentido e, dessa forma, os profissionais da área consigam obter e disponibilizar informações relevantes de acordo com seus interesses.
Para que isso aconteça, é importante que o setor invista recursos em um Ciclo de Inteligência bem feito para que, dessa maneira, os resultados desejados possam ser alcançados. Abaixo é abordado cada etapa do ciclo e seu impactos nos produtos de Inteligência.

1. Identificação das necessidades
Nesta primeira etapa, é onde se entende quais as necessidades da organização quanto às questões de Inteligência. Essa parte do ciclo, apesar de contínua, é orientada às necessidades e alinhado com o planejamento estratégico da empresa. Dessa forma, é possível evitar que seja investido recursos na criação de conhecimento sem relevância.
É importante priorizar as necessidades de informações e definir escalas de tempo apropriadas. Por esse motivo, essa etapa demanda um entendimento mais detalhado de quais decisões de negócios estão sendo tomadas e como as informações poderão ser usadas.
Então, quando as informações são priorizadas, é importante distinguir “inteligência direcionada”, que é coletada para alcançar um objetivo específico e “inteligência de conscientização”, que trata sobre informações gerais sobre um ambiente e que posteriormente são filtradas para ter uma visão melhor desse ambiente. Nesse sentido, o processo de identificação se refere ao equilíbrio que há entre os dois.
Para que essas necessidades sejam identificadas, Elizabeth Gomes sugeriu em seu livro “Inteligência Competitiva: Como Transformar Informação em um Negócio Lucrativo”, que sejam feitas quatro questões:
- O que precisamos saber?
- O que já sabemos?
- O que será feito com a inteligência gerada?
- Qual será o custo de obter essa inteligência? E o custo de não a obter?
Depois de identificadas, as próximas etapas são desenhadas com metas claras para que, dessa forma, seja realizada a monitoração do avanço das atividades do Ciclo de Inteligência.
2. Planejamento
Aqui são definidos alguns pontos para o desenvolvimento do documento, como onde a informação será buscada e armazenada para utilização futura. Alguns assuntos comumente definidos são o Formato, Tipo de Conteúdo, Periodicidade e Canais de Disseminação.

3. Coleta
Após o planejamento, é feita a coleta das informações e dados necessários para auxílio nas recomendações e conclusões geradas pela equipe. O foco nesta etapa está na busca de conteúdo junto a fontes primárias e secundárias, e então iniciar o tratamento do material coletado.
As fontes primárias são aquelas que vêm diretamente da fonte sem que sofram alterações e interpretações de terceiros. Alguns exemplos são palestras, programas ao vivo, entrevistas e relatórios.
Já as fontes secundárias são geralmente encontradas de forma mais fácil, já que são informações alteradas, geradas através de interpretações e avaliações. Alguns exemplos são bases de dados, livros, relatórios de análise e entrevistas editadas.
Portanto, aqui é onde são buscados dados e informações que possam colaborar na geração do conteúdo que vai atender as demandas identificadas anteriormente, priorizando os conteúdos segundo sua relevância.
4. Análise
A história mostra a importância da avaliação e classificação dos dados e informações, tendo em vista que foi comum através dos anos a ocorrência de decisões erradas em razão da má avaliação de inimigos, principalmente em guerras.
Nesse sentido, a análise é tão importante, porque entregar produtos apenas com informações e dados, além de ser raso e ter grandes chances de não alcançar os resultados, pode causar diferentes e errôneas interpretações de quem não entende o contexto de forma geral.
Esta etapa envolve o processamento dos dados e informações coletados, sendo possível estabelecer avaliações relacionadas aos objetivos de cada produto. A análise é feita a partir dos conteúdos obtidos nas coletas de dados, além dos conhecimentos pré concebidos à criação dos produtos.
Aqui é onde a inteligência é efetivamente gerada, buscando fazer associações de informações internas/externas para criar conclusões e recomendações relacionadas aos assuntos abordados.
Por fim, aqui os dados e informações vão fazer mais sentido para organização, construindo insights que auxiliarão na tomada de decisão e atendendo os objetivos dos produtos de inteligência.
5. Disseminação
Após a análise dos dados e informações, a etapa de Disseminação é onde acontece as entregas dos produtos para os tomadores de decisão ou stakeholders. Aqui é importante ter atenção ao receptor, para que a disseminação dos produtos sejam adequados ao usuário final do produto.
No entanto, além do entendimento sobre a forma que a pessoa prefere receber um produto, é importante ter atenção a outros pontos desta etapa. Na fase de planejamento, acontece a definição dos formatos e canais que os produtos serão propagados, e a definição correta desses pontos é crucial na percepção dos usuários finais do produto.
Alguns fatores são necessários na definição desse assunto, como a velocidade que o usuário vai receber o produto, principalmente em casos prioritários, além da parte visual e facilidade.
Casos com alta prioridade, por exemplo, demandam canais onde o usuário deverá acessar com velocidade e facilidade. Uma opção é o WhatsApp, que geralmente as pessoas têm fácil acesso, além de ser comum ter conteúdos propagados em tamanhos reduzidos.
Contudo, há casos em que os assuntos devem ser abordados de forma mais detalhada e/ou visual, demandando a entrega dos conteúdos em outros canais e formatos, para que realmente atenda o receptor da melhor forma possível.
6. Avaliação
As otimizações constantes da qualidade dos produtos é crucial para melhoria dos resultados em qualquer empresa. Diante disso, aqui é onde se deve considerar o desenvolvimento de cada etapa anterior e seus resultados alcançados em relação às inteligências geradas.
Este ponto demanda uma revisão do ciclo como um todo e a avaliação de tudo que já foi realizado. Dessa forma, será possível entender os detalhes que podem impactar nos resultados desejados do setor, principalmente em produtos que já estão próximos de alcançar a sua maturidade.
A avaliação também pode auxiliar no entendimento de metas e ferramentas mais adequadas, além de foco em pontos mais relevantes e busca por falhas nos processos, buscando minimizá-los nas próximas produções. Essas são algumas opções de melhorias para otimização dos próximos ciclos de inteligência que as empresas farão.

7. Contra Inteligência
Apesar desta etapa está sendo desenvolvida no final do artigo, ela engloba todo o ciclo, fazendo parte tanto da Identificação das Necessidades quanto da Avaliação. Por esse motivo, é uma etapa que está circulando todas as outras, em virtude da necessidade de ter constante cuidado em todo o ciclo com a segurança dos documentos do setor.
Esse é um processo que é feito para impedir que as análises, informações e dados do mercado sejam espalhadas para pessoas que não devem ter acesso a esse tipo de conteúdo, evitando prejuízos para as empresas que não podem te alguns tipos de conteúdos vazados.
Contudo, a Contra Inteligência é mais comum em grandes empresas, onde são tomadas decisões que poucas pessoas podem ter acesso, como por exemplo, estudos de estratégias de aquisição e fusão.
Conclusão
São diversos os benefícios no uso do ciclo para a área de Inteligência. Entender os sinais e tomar ações adequadas com seu uso são cruciais, principalmente em razão de que o mercado vive um momento de transformação muito rápida e a antecipação é sempre bem vinda nas decisões.
Além disso, o ciclo leva à minimização de erros, ao entender o que está ou não funcionando. Um bom exemplo é a proteção de informações. Ao entender o contexto e poder prever ou agir de forma rápida diante de um problema como esse, pode salvar a execução de grandes estratégias nas empresas.
Sendo assim, o objetivo do ciclo é obter e disponibilizar dados e informações relevantes a respeito dos objetos de estudo da empresa, priorizando a ordem dos processos da organização. Por esse motivo, é indispensável cumprir as etapas com atenção, para evitar possíveis prejuízos em uma área que valoriza (e depende) de cada detalhe do processo.