A Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV2, está colocando pessoas, empresas e governos em alerta desde de dezembro de 2019, quando autoridades chinesas começaram a informar sobre casos de pneumonia na cidade de Wuhan.
Uma das principais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) é evitar aglomerações. Por isso, para diminuir as chances do contágio da doença, muitas empresas liberaram os seus colaboradores para trabalhar em modelo home office, ou seja, em casa.
A pandemia do novo coronavírus, impôs um novo ritmo e uma nova postura nas relações de trabalho. Empresas dos mais variados tamanhos e setores foram pegos de surpresa e agora estão tendo que repensar desde o modelo de negócios à relação com a tecnologia.
Apesar de muita incerteza, o que podemos perceber é que a crise do coronavírus terá fortes efeitos sobre a forma de trabalho. O isolamento vai provocar a criação de novos hábitos e comportamentos no universo corporativo, com revisão das reais necessidades de se manter processos e estruturas.
A previsão de Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, é que nada será como antes, ela ressalta:
“Uma coisa que tenho certeza é que nada vai ser como antes: tamanhos de escritórios não serão como antes, custos operacionais de escritórios não serão como antes, as casas não vão ser como antes. Uma casa de 30m² vai ter até um lugarzinho para as pessoas fazerem seu home office.”
Home Office Tendência Mundial
Por causa do avanço das formas de comunicação, o home office tem sido cada vez mais aceito nas empresas do mundo todo. O estigma em relação a quem não está presente no escritório está deixando de existir.
O home office vem surgindo como uma tendência no mundo todo, e o coronavírus é mais um fator que irá acelerar esse processo. Existem vários estudos que avaliam os benefícios e o atual panorama do home office no mundo.
“A mudança mais notável que vimos não é tanto o grande volume de listagens remotas de empregos, mas o crescimento na variedade de cargos remotos que essas empresas procuram contratar”
Disse Sara Sutton, fundadora e CEO da FlexJobs. Ela ainda reforça dizendo que as empresas estão expandindo o leque de cargos profissionais que são permitidos o trabalho em casa.
O estudo Millennials at Work, realizado pela PwC, revela que pessoas que nasceram entre os anos de 1980 e 1995 estão agora iniciando sua vida profissional. A Bentley University calcula que eles irão representar 75% da força de trabalho global até 2025.
Um ponto muito importante para as empresas é a produtividade e uma recente pesquisa da Gallup, empresa especialista em pesquisa de publicidade, apontou que não há diferenças entre a produtividade dos colaboradores que estão em home office para aqueles que estão no escritório da empresa.
Já do ponto de vista de saúde pública, uma menor circulação ou menor concentração de pessoas nos ambientes de trabalho tendem a contribuir para uma redução na velocidade do contágio do vírus. Por isso, é bastante oportuna e adequada a adoção do trabalho à distância pelas empresas.

O expressivo aumento de casos de coronavírus no mundo e o aparecimento de casos no Brasil, ocasionaram a adoção de empresas brasileiras ao home office até que a situação seja normalizada.
De acordo com a pesquisa Características Adicionais do Mercado de Trabalho 2012-2018, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, houve um forte aumento de pessoas trabalhando em casa nos últimos anos, no Brasil.
Entre 2016 e 2017, o número de trabalhadores cujo local de trabalho era o domicílio aumentou 16,2%. Entre 2017 e 2018, a expansão foi maior, atingindo 21,1%.
Uma pesquisa realizada, em março deste ano, pela consultoria Betania Tanure Associados, BTA, com 359 empresas brasileiras, indica que quase metade delas adotou o home office como resposta direta à evolução do coronavírus no país.
A prática foi implementada para cerca de 60% do quadro de colaboradores e 43% das empresas afirmaram possuir uma política para o home office há mais de um ano.
No estudo, mais de 70% dos entrevistados consideram o nível de estresse alto ou muito alto pelo momento que o país está passando. Em relação à crise de 2008, o momento atual do país será mais grave, para 89% dos executivos entrevistados. Mais de 55% deles ocupam cargos de diretoria e 82% são homens.
O cenário atual pode ajudar as organizações a tornar a relação da liderança com seus colaboradores mais madura e sólida, em termos de estilo de trabalho, expectativa de resultado e estabelecimento de metas.
Comunicação é desafio
A necessidade de isolamento para barrar o avanço do coronavírus forçou as empresas a encarar os desafios de realizar em grande escala o home office. Consequentemente esse processo multiplica dúvidas para líderes e equipes.
O principal cuidado com o home office é a comunicação, que não flui naturalmente do mesmo jeito que a presencial. O mais importante é estabelecer quantas e quais ferramentas serão utilizadas para a comunicação.
Definir a comunicação facilita consideravelmente a condução das demandas e tarefas do dia a dia da empresa. Algumas empresas já adotam orientações ou protocolos para quando o assunto for urgente e requer resposta imediata ou não.
Existem dois perfis de colaboradores: os que precisam estar em interação e no mesmo ambiente que outros colaboradores e os que preferem a comodidade de suas casas com tranquilidade e sem interrupções.
Da mesma maneira, a produtividade varia de pessoa para pessoa. Existe colaborador que não para um minuto sequer e começa a fazer hora extra, mesmo trabalhando de casa e outros que acabam confundindo a vida profissional com a familiar e assim perdem o foco no trabalho.
Assim, o papel de líderes e gestores é estar atentos às diferenças destes perfis para ajudar as equipes em seu processo de adaptação. Para que os dois perfis não tenham seu desempenho prejudicado é importante criar planos e rotinas de acompanhamento, além de feedbacks regulares.

Conclusão
A necessidade de isolamento por conta do coronavírus irá aumentar os números de empresas que migrarão para o modelo de home office no pós pandemia. A experiência atual será capaz de afastar preconceitos sobre este modelo de trabalho e criar novos métodos de gestão de equipes.
Esse cenário traz consequências para as empresas que se perguntam sobre a real necessidade da manutenção do formato de trabalho tradicional. E apostar no home office é ter os dois pés no futuro e andar lado a lado com as principais tendências.
O home office tem razões sólidas para ser considerado, nacional e internacionalmente, uma das maiores apostas para empresas dos mais diversos setores. Mas é importante ressaltar que cabe a cada uma destas, avaliar se o modelo é, realmente, o mais adequado para o seu modelo de negócio.