• O coronavírus provocou perdas em diversos setores do país, mas um deles tem obtido excelentes resultados em meio à pandemia: o e-commerce.
  • A quarentena fez as vendas onlines alcançarem excelentes resultados apenas nos primeiros meses do ano, com milhares de novos consumidores.
  • Empresas estão cada vez mais impulsionadas a entrarem para o mundo digital, pois o comércio online está cada vez mais fazendo parte da rotina das pessoas.

Como em qualquer crise, há negócios que perdem e outros que vencem. O avanço do coronavírus gerou um boom de compras e pedidos online nas últimas semanas, fazendo as plataformas de comércio online crescerem exponencialmente.

O aumento exponencial no volume de transações de e-commerce refletem as medidas preventivas e de isolamento social da população, que atinge diretamente às atividades do comércio presencial.

De acordo com uma análise da ACI Wordwide, a pandemia gerou um aumento de 209% no mês de abril no comércio online no mundo inteiro, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Essa nova forma de consumo mostra uma tendência clara, o mundo está, e precisa ser cada vez mais digital. Veja o impacto do coronavírus sobre o comércio online, e como as empresas estão se adaptando para atender a demanda dos consumidores.

A mudança no comportamento do consumidor

A medida que o coronavírus continua a se espalhar, associadas às medidas de restrição da circulação das pessoas pelo mundo, podemos começar a perceber os sinais de mudança no comportamento do consumidor.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Coresight Research, nos Estados Unidos, os consumidores estão mais cautelosos ao fazer compras em lojas físicas e estão se voltando cada vez mais para o e-commerce como um meio seguro para obter suprimentos básicos.

Portanto, quanto mais os consumidores recorrem às opções digitais como forma de contornar os ambientes físicos de compras, cria-se novos hábitos de consumo. Segundo outra pesquisa realizada pela instituição, a maioria dos entrevistados disse que irá manter o comportamento de compra online, mesmo após o fim da pandemia.

Consumidores mais conectados e digitais será o novo normal, e esse movimento poderá ser visto em todo mundo. Com isso, observando os novos padrões, as empresas também estão começando a se adaptar às novas perspectivas.

Em entrevista à Folha de São Paulo, André Dias, diretor executivo da Compre&Confie, disse que:

Houve mudança significativa no comportamento do consumidor com a chegada do Covid-19. Setor de menor porte no e-commerce ganharam protagonismo. A tendência é que o cenário continue dessa forma, com consumidores cada vez mais engajados nas compras a distância.

O fato é que todos sairão mais digitais do isolamento, seja pessoas ou empresas. E apesar do consumo digital já ser algo que vinha ocupando espaço na rotina de compra das pessoas, ele vem sendo essencial, e conquistando públicos que ainda não tinha alcançado.

O efeito da quarentena no E-commerce brasileiro

Enquanto lojas físicas estão fechando ao redor do Brasil como medida para evitar a propagação do coronavírus com a aglomeração de pessoas, as empresas que possuem comércios online tem vivenciado um crescimento significativo no tráfego de suas plataformas, e respectivamente de suas vendas.

Segundo a Abcomm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico), o comércio eletrônico deve crescer cerca de 18% em 2020. movimentando cerca de R$106 bilhões. Sendo o marketplace, microempresas, e compras feitas pelo celular que mais irão contribuir para esse cenário.

No primeiro momento, após o início do isolamento social, as empresas viram suas ações cair de forma repentina, principalmente aquelas que dependem do comércio físico. Mas, como a grande maioria já se encontra também no mundo digital, a situação se reverteu.

Com isso, gigantes empresas brasileiras vêm se beneficiando com as altas no mercado, causadas pelo aumento das vendas online. A Via Varejo, prevê uma alta de 10% nas suas vendas em maio, mesmo com mais de 80% das suas lojas físicas fechadas.

O presidente da empresa atribuiu o bom desempenho ao esforço sobre os canais digitais e à adoção do modelo de vendedores online, que estão ativando a base de clientes da empresa.

Assim como o Mercado Livre, a maior empresa de comércio eletrônico da América Latina, que ganhou 5 milhões de novo clientes, sendo a maior parte deles no Brasil, chegando a fazer mais de 1,4 milhões de entregas em um único dia.

Setores que mais cresceram

Alguns estudos já trazem as estatísticas que mostram os setores que mais cresceram tanto em volume de vendas, quanto no faturamento com o comércio online durante a pandemia. Um estudo realizado pela Konduto, mostrou os segmentos que apresentaram do e-commerce que apresentaram um crescimento expressivo.

De acordo com a empresa, os seis setores que mais se destacaram são brinquedos (com um crescimento de 643,05%); supermercados (448,09%); artigos esportivos (187,90%); farmácia (74,70%); games online (58,46%) e aplicativos de entrega (55,66%).

Em uma outra pesquisa realizada pela Compre&Confie, os segmentos que apresentaram as maiores variações em seu faturamento foram Saúde (111%) e Beleza e Perfumaria (83%), esses segmentos também apresentaram as maiores variações no volume de pedidos.

Trataremos sobre alguns desses segmentos, mostrando com mais detalhes como eles estão respondendo as vendas online durante a pandemia:

1. Supermercados

O distanciamento social causado pelo coronavírus no Brasil fez com que muitas pessoas tivessem que se adaptar a uma nova rotina dentro de casa. Inclusive na hora de realizar as compras do dia a dia.

Uma pesquisa feita pela Ebit/Nielsen mostra que, entre 19 e 25 de março, o comércio eletrônico dos supermercados teve um aumento de 96% no número de entrantes, ou seja, de pessoas que pela primeira vez fizeram as compras on-line.

Dessas compras que estão sendo realizadas, a maior parte se concentram alimentos, bebidas, saúde e beleza. Alguns supermercados online já chegaram a registrar mais de 180% no aumento de volume dessas transações, segundo a Abcomm.

Porém, o crescimento das vendas onlines dos supermercados poderiam ser ainda maior, já que as lojas físicas ainda se encontram abertas. Em uma pesquisa realizada pelo Kantar, mais de 78% dos entrevistados ainda vão às lojas para realizarem suas compras.

As grandes redes de supermercado estão se adaptando durante a pandemia, com muitas delas, contratando funcionários para conseguirem suprir a demanda de entregas, e expandindo o estoque em suas lojas de todos país.

Muitos acreditam, que o hábito de fazer compras online é um caminho sem volta, para Roberto Wik, da Cognizant, empresa de tecnologia da informação:

Tecnologia tem, mas ninguém dava muita atenção. Agora é hora das empresas tirarem da gaveta esses projetos. Para o consumidor, não importa como chega, o importante é chegar.

2. Saúde

Com o aumento da preocupação das pessoas com a saúde nesse momento, um dos setores mais beneficiados, foi o de saúde. Que inclui farmácias, supermercados, e outras lojas que vendem produtos relacionados ao bem estar.

Um relatório da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em parceria com a Compre&Confie, mostrou que os brasileiros reforçaram suas compras de medicamentos, alimentos e itens de higiene e limpeza pela internet.

Em faturamento, o setor de Saúde registrou alta de 111% em fevereiro e março deste ano quando comparado aos mesmos meses de 2019. Sendo o setor farmacêutico um dos mais beneficiados, faturando mais de R$ 116 milhões só com a comercialização por meios digitais no primeiro trimestre.

Observando esse movimento, muitas redes de farmácia, grandes ou pequenas, têm investido cada vez mais no atendimento online, e principalmente no serviço de entrega. Uma das grandes vantagens desse segmento, é a facilidade de conquistar novos clientes, por naturalmente as empresas já terem a confiança dos consumidores.

3. Aplicativos de entrega

As empresas de delivery tiveram um grande aumento na última semana. Porém, esse crescimento dos serviços de entrega já era uma tendência, fomentando novos modelos de negócios e apresentando crescimento ano após ano.

Para termos uma ideia, segundo a IFB (Instituto de Foodservice Brasil), entre 2017 e 2018, o serviço de delivery no nosso país aumentou 23%; no ano seguinte, 20%. Enquanto isso, as previsões da ABRASEL (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) era de um crescimento parecido para 2020.

Mais com as medidas de isolamento sendo adotadas, o delivery passou a ser um dos principais recursos das pessoas para realizarem suas compra, e os impactos que as empresas tiveram com as vendas onlines foram enormes.

O Rappi, por exemplo, registrou um aumento significativo no número de pedidos em toda a América Latina. Só nos dois primeiros meses de 2020, a demanda sul-americana pelos serviços da startup cresceu 30% em relação ao mesmo período de 2019. Sendo os pedidos para as entregas de farmácias, restaurantes e supermercados os mais comuns.

Algumas empresas como o Ifood e a UberEats, ainda dizem que é muito cedo para dimensionar ao certo o impacto nos seus serviços de entregas. Mas, nos últimos meses o Ifood quase dobrou o número de entregadores da plataforma.

O serviço de delivery, já era comum na rotina das pessoas. Porém, terá cada vez mais seus serviços aprimorados após esse período. As empresas que possuírem o poder sobre toda a cadeia de entrega -estoque, produto, e logística-, conseguirão ser mais eficientes e despontar no mercado.

Como iniciar seu e-commerce em tempos de pandemia

Os números do e-commerce no Brasil estão cada vez mais atraindo novos empreendedores para o mundo digital. Com a pandemia, muitas empresas viram no comércio eletrônico uma forma de salvar seus negócios da crise.

Dados da 41ª Edição do Webshoppers, mostram que o comércio online brasileiro chegou a R$ 8,4 bilhões em faturamento apenas nos primeiros meses de 2020. Sendo que, dos consumidores que realizaram compras em autosserviço nas últimas semanas, 31% afirmaram que compraram pela primeira vez no meio digital.

É um mercado que conta com novas oportunidades de negócio, e como sabemos, todo grande negócio começa com uma grande ideia. Porém, mesmo as melhores ideias não alcançarão o sucesso sem um planejamento.

Por isso, antes de colocar o seu dinheiro em um novo projeto é bom avaliar os riscos e determinar os objetivos para obter o retorno desejado. Veja algumas dicas para avaliar antes de introduzir sua empresa no mundo digital:

1. Determine a sua plataforma

Muitas empresas, ao adentrarem no mundo digital, buscam se associar a marketplaces que já são conhecidos. Primeiro pela comodidade de utilizar uma plataforma pronta, e segundo por acreditarem ter menos trabalho para trair seus clientes.

Porém, para uma empresa que ainda é desconhecida, não aparecer de forma relevante dentro de um site pode não ser uma boa opção. Em alguns casos, contar com toda a infraestrutura provida por uma grande marca realmente pode fazer sentido. Mas avalie antes se é o que melhor encaixa em seu negócio.

Existem muitas formas de construir o seu negócio online, utilizando plataformas de software, sites ou aplicativos. A vantagem de ter o controle de sua própria plataforma é que você poderá potencializar o seu lucro, além de realizar todas as campanhas de marketing necessárias a sua empresa.

2. Economia de escala

Mesmo que você produza todo o seu produto é importante ter controle da cadeia de produção como um todo, desde fornecedores até a logística e meios de pagamento.

Visto o momento que estamos vivendo, considere que o seu negócio irá crescer um dia e o site precisará estar pronto tanto para suportar um aumento do número de acessos, ter estoque dos seus produtos, quanto para atender clientes do outro lado do mundo.

É importante que seu e-commerce seja planejado para que o seu site tenha condições de ser escalável, permitindo acompanhar o crescimento da demanda de acessos e novas necessidades, como receber pagamentos internacionais, taxas e impostos.

Nesse caso, ter sua própria plataforma pode ser uma vantagem também. Uma vez que você estará por dentro de todo o desenvolvimento dela, colocando as funções que mais fazem sentido para você, além de ser mais fácil realizar alterações quando necessário.

3. Crie uma boa experiência

Como sabemos, a inovação é algo inevitável nos dias de hoje, para que uma empresa entre no mercado e se destaque. Para isso, não precisa de muito, oferecer aos seus clientes uma boa experiência de uso da sua plataforma, como na hora de encontrar um produto, ou para realizar o pagamento, pode ser um meio de se diferenciar.

Nessa etapa é muito importante contar com bons profissionais, que irão te ajudar a minimizar todas as etapas no seu processo de venda, deixando tudo mais fácil para você e seus clientes.

Conclusão

O E-commerce sem dúvidas foi umas das ferramentas mais essenciais nesse período para que as empresas sobrevivessem, e para que as pessoas pudessem continuar com seus hábitos de consumo.

Além, de que ele oferece muitas oportunidades para novos empreendedores, especialmente num momento de isolamento que não sabemos quanto tempo irá durar.

A única certeza é que mesmo depois que tudo passar muitos hábitos irão mudar. E vários dos consumidores que agora estão realizando a sua primeira compra no mundo digital irão criar uma nova forma de consumo. Buscando cada vez mais o conforto e a praticidade de realizar suas compras no mundo digital.

Links para Leitura

Daniel Antunes

Fundador e CEO da GoBacklog, uma empresa especializada no desenvolvimento de soluções digitais que vem mudando a forma de se criar negócios de sucesso com base em tecnologia, inovação e inteligência. Acumula mais de 13 anos de experiência no mercado digital, projetos, novos negócios e vendas B2B.