Os bancos digitais vieram para ficar. Atualmente, só no Brasil, existem mais de 300 Fintechs, empresas que apostam na tecnologia como ferramenta, tanto para atrair clientes, quanto para fidelizá-los.
Com um mercado dominado por cinco grandes bancos, o setor financeiro ganha uma nova maneira de se comportar, com recursos tecnológicos e um modelo diferenciado de atendimento.
A tendência é que esse setor continue crescendo nos próximos anos. Segundo a revista Exame, existem mais de 45 milhões de pessoas que não possuem conta em nenhum banco, denominados como desbancarizados, e as Fintechs estão lutando para reduzir esse número.
Este artigo traz as informações básicas para entender como essas startups vêm sacudindo o mercado financeiro. Algumas da maiores Fintechs estão conseguindo números astronômicos em resultados, e a perspectiva é que esses números cresçam cada vez mais.

O que é uma Fintech?
Fintech é um termo recente, formado pela junção das palavras, em inglês, financial e technology, que designa startups do setor financeiro. Aparecendo como uma inovação desse mercado, as Fintechs são empresas que utilizam a tecnologia como principal aliada no desenvolvimento dos seus processos.
Hoje, quando se fala em banco, a primeira coisa que vem a mente de muitas pessoas é fila, espera e altas taxas. O movimento das Fintechs vem para mudar esse pensamento, buscando simplificar operações bancárias que, em bancos tradicionais, são extremamente cansativas e difíceis de serem realizadas.
Além disso, por possuírem custos operacionais mais baixos do que os das empresas tradicionais do setor, as Fintechs conseguem abaixar as taxas dos seus serviços.
Essa característica fez com que a notoriedade das Fintechs fosse ainda maior no Brasil, já que somos o país da América Latina que mais utiliza cartão de crédito como meio de pagamento e, da mesma forma, também somos os primeiros quando se trata de juros rotativos, um valor que chega a 286,9% ao ano.
Dessa maneira, podemos dizer que o grande diferencial das Fintechs é a facilidade que elas trazem para o cliente. Você consegue fazer tudo na palma da sua mão ou na tela do seu computador e tudo com taxas menores.
Segundo o economista Samy Dana, o recurso mais escasso é o tempo, pois a todo momento que decidimos fazer determinada tarefa, temos que abrir mão de outra, gerando um custo de oportunidade. Então, poder fazer uma transação sem sair de casa ou do trabalho, sem perder o seu precioso tempo, é um grande diferencial.
Quais são os segmentos das Fintechs?
Hoje, no Brasil, o segmento que mais ganhou notoriedade é o de Bancos Digitais, mas existem diferentes áreas de atuação de Fintechs, com cada uma inovando de maneira diferente em sua área.
Cerca de 25% das startups financeiras são de Meios de Pagamentos, porém outras áreas tem crescidos também. Uma referência é a área de Crédito e Financiamento, que hoje ocupa a marca de 21% das startups financeiras.
Meios de pagamento
Hoje, no mercado, mais da metade das ações de meios de pagamentos são feitas por intermédio das Fintechs. Elas fazem com que muitas operações complexas sejam feitas de maneira simples, sem deixar de garantir a segurança dos usuários.
Uma das grandes disputas dentro do segmento de Meios de Pagamento é a das maquininhas de cartão. Esse setor tem ganhado cada vez mais concorrentes, o que é muito bom para o consumidor final, que através da competitividade do mercado, consegue receber mais benefícios e praticidade.
Recentemente foi noticiado que o Banco Inter também vai entrar nessa disputa. A proposta é lançar, entre o final de 2019 e início de 2020, uma solução digital que consiga fazer todas as transações pelo celular, sem a necessidade de uma maquininha.
O usuário somente precisará preencher alguns campos de descrição de pagamento e valor, depois é só posicionar o cartão em frente a câmera do celular e a compra será efetuada.
Outro exemplo de Inovação nessa área foi a tecnologia Contactless, trazida ao mercado pela Nubank, que serve para realizar o pagamento sem que seja necessário inserir o cartão na maquininha e nem digitar a senha para valores menores.

Seguros
Uma das facilidades trazidas pelas Fintechs foi a busca facilitada e rápida por empresas de Seguros, que oferecem os melhores preços e benefícios. Existem startups financeiras especializadas em ajudar o usuário a encontrar as opções que mais se adéquam ao seu perfil.
O segmento de Seguros é o segundo que mais concentra Fintechs. São diversas startups, exatamente por ser um negócio muito abrangente e promissor. Por atuarem como uma empresa de busca, grandes players do mercado de Seguros estão se aliando a elas, para que mais usuários se conectem aos seus serviços.
Gestão Financeira
O segmento de Gestão Financeira também é uma das áreas promissoras das Fintechs. A proposta é que elas ajudem os seus usuários a organizarem e controlarem suas finanças pessoais.
Os novos bancos digitais costumam separar cada conta por área, por exemplo, separando os seus gastos com alimentação, transporte e assim por diante. Essas ferramentas auxiliam o cliente a compreender como ele gasta o seu dinheiro durante o mês, criando a possibilidade de organizar melhor os seus gastos.
O Guiabolso é uma referência no setor de gestão, pois consegue, de forma gratuita, dar aos seus clientes o resumo de compras em cada setor e mostrando onde ele gasta mais. O maior diferencial da plataforma, é conseguir realizar investimentos e até transferências através dela.
Criptomoedas
A onda das criptomoedas também chegou às Fintechs. A sua grande diferença é o atendimento a dois públicos, quem quer comprar fragmentos de Bitcoin e outras criptomoedas, e quem precisa minerar para vender depois. Essas plataformas trazem a facilidade do usuário não precisar comprar em sites estrangeiros.
A inovação dentro das Criptomoedas está crescente, a Transfero Swiss, startup suíça, criada por brasileiros, gerou uma “Criptoreal” uma criptomoeda com lastro no Real e com liquidez global, ou seja, ela não tem valor em sí, mas representa uma unidade de divisa fiduciária brasileira.
Investimentos
As Fintechs vieram para desburocratizar e mostrar que é mais fácil do que imagina investir seu dinheiro. No ano de 2017 existiam mais ou menos 619 mil investidores na bolsa de valores brasileira. Já no ano de 2018 houve um aumento de cerca de 32%, contabilizando 813 mil.
As Fintechs foram muito importantes nesse crescimento, visto que alguns bancos digitais já disponibilizam uma ferramenta que faz com que investir seja feito mais rapidamente e com isenção de taxas, além das corretoras digitais que fazem todo o acompanhamento do investidor, orientando e dando a opção de diferentes investimentos para o usuário.
O crescimento dessas corretoras auxiliou no aumento da importância da educação financeira no brasil, e mais pessoas estão buscando independência financeira, rendimento do dinheiro e se planejar financeiramente para o futuro.
As Fintechs Unicórnios do Brasil
O termo Unicórnio é usado no universo das startups para representar aquelas empresas avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais de capital fechado. A origem mítica do termo faz referência a raridade desses negócios.
Ao todo, existem cerca de 300 startups unicórnio em todo o mundo, e oito delas são brasileiras. As Fintechs aparecem dentro desse número, tendo 2 consolidadas como unicórnio e uma grande promessa.
Nubank
Como falar das maiores e não falar primeiramente da Nubank? A startup fundada em 2013 foi uma das primeiras Fintechs brasileiras, propondo facilitar e mudar a maneira como o cliente era atendido nos bancos.
Desde a sua criação até o atual momento, a empresa vem colecionando resultados estrondosos, tanto que já é considerada como um dos unicórnios brasileiros.
A facilidade de conseguir um cartão de crédito é um dos diferenciais da empresa. Você faz o pedido online, sem a necessidade de ir a qualquer lugar. Após uma análise, que dura somente alguns dias, o banco envia uma resposta positiva ou negativa ao solicitante.
A maneira como o Nubank trata os seus clientes é um dos principais motivos do aumento exponencial da empresa, tendo recebido diversos prêmios por atendimento ao consumidor.

Pagseguro
A Pagseguro atua dentro de um segmento muito competitivo, que possui grandes players, que é a de meios de pagamento. Atualmente, a sua maquininha de cartão é a terceira mais utilizada no Brasil, ficando atrás de duas empresas tradicionais: Cielo e Rede.
A Pagseguro foi o segundo unicórnio brasileiro, atrás do 99 taxi. A tendência é que ela continue crescendo ainda mais, devido as suas condições facilitadas de crédito, que atraem muitos clientes, e por trazer diversos benefícios a quem faz o uso de suas maquininhas de cartão.
Creditas
Embora a Creditas não tenha chegado nas cifras bilionárias, ela é a Fintech cotada como número um para se tornar o próximo Unicórnio brasileiro. Fundada em 2012, por Sergio Furio, sempre teve o investimento em tecnologia como um dos diferenciais da empresa.
As facilidades que a Creditas dá aos clientes, somado com as menores taxas do mercado, acarretou em um crescimento de 7 vezes, somente no ano de 2017. Esse fato fez com que empresas estrangeiras brilhassem os olhos, e no ano de 2019 a Softbank realizou um investimento de 200 milhões de dólares na Fintech.
O CEO Sergio Furio, buscando melhorar ainda mais o serviço oferecido pela Creditas, confirmou que 70 milhões de dólares já estão destinado a área de tecnologia e inovação.
Apoio e regularização das Fintechs
Uma grande barreira que as startups financeiras enfrentaram foram os órgãos reguladores. O Banco Central, que regulamenta essas operações, fez o Comunicado nº 32.927, no ano de 2017, regulamentando as Fintechs e definindo as bases para que elas possam funcionar respeitando as leis e protegendo os dados dos seus clientes.
Essas regulamentações foram importantes para tornar os processos dos bancos digitais mais seguros e confiáveis, e também para proteger as próprias empresas, visto que crimes contra as leis financeiras são passíveis de cadeia.
Porém, mesmo trazendo benefícios, as Fintechs tiveram que se adequar a diversas regras impostas. A primeira delas foi o valor mínimo de patrimônio de um milhão de reais.
Isso dificulta a entrada de muitas startups no mercado, já que, normalmente, é um processo demorado a chegada ao primeiro milhão, e o aval do principal órgão regulador é de muita importância para que as Fintechs consigam passar uma boa imagem e ter crédito com seus consumidores.
Para cuidar de todas essas burocracias, foram criadas algumas Associações de Fintechs, que fazem o lobby necessário para conseguir algumas facilitações para as startups financeiras. Essas associações conseguem proteger também aquelas menores, que estão começando a engatinhar.
Mesmo com tanta burocracia, o Banco Central também consegue ajudar as Fintechs, pois, para eles, é muito importante que o máximo de pessoas possíveis tenham conta bancária. Dessa maneira, se as essas startups conseguem trazer mais pessoas aos bancos, eles vão ajudar.
Com o novo presidente Roberto Campos Neto a perspectiva de apoio às startups financeiras cresce muito, pois ele acredita que a tecnologia é a chave para expansão financeira no Brasil. Então, podemos esperar mais agilidade no incentivo às Fintechs e no reconhecimento como instituição financeira.

Conclusão
As startups financeiras têm uma projeção de crescimento muito grande dentro do mercado, principalmente com grandes bancos investindo nesse segmento. O Bradesco, em junho de 2017, lançou a Next, que oferece um cartão sem taxas para o usuário. Ele foi um dos primeiros grandes bancos a adotar a inovação das Fintechs, saindo na frente dos seus concorrentes.
A maneira como as startups financeiras são vistas pelo público é muito positiva, principalmente pelas praticidades e facilidades que elas oferecem aos seus usuários. Esse modelo tem ajudado muito os pequenos e médios empreendedores, pela sua capacidade de resolver problemas com menor burocracia e de maneira mais rápida, se comparado a bancos tradicionais.
O grande sucesso das Fintechs mostra que apostar no investimentos em ativos tecnológicos para facilitar a vida do cliente, é uma das maiores necessidades nos negócios atuais. As pessoas buscam praticidade, e a tecnologia é a única maneira dos negócios conseguirem entregar isso aos seus clientes.