- A Inovação é essencial para os negócios atuais, por isso, manter uma cultura criativa nas empresas é essencial para o seu negócio.
- A Fixação Funcional é uma barreira criativa, que pode afetar o desenvolvimento de novas ideias e projetos.
- A Criatividade pode ser desenvolvida, através de exercícios que te fazem olhar de uma maneira não convencional para as coisas.
A palavra inovação se tornou um novo mantra dentro dos negócios atuais. A necessidade de trazer algo novo para o mercado a todo tempo está intimamente ligado a sobrevivência de um negócio.
Por este motivo, a compreensão do ato de inovar sofreu uma ampliação de significado. Antes, a inovação era relacionada somente a criação de algo novo, que se diferenciava totalmente de padrões anteriores.
Porém, atualmente, sabemos que para inovar não é preciso ser disruptivo, esquecendo dos padrões que dão certo e ainda fazem sentido dentro de um produto. A inovação pode surgir do aperfeiçoamento e renovação de uma ideia, resolvendo problemas pontuais que trarão uma melhor experiencia para os seus clientes.
E por ser tão necessária, muitas empresas buscam estimular a criatividade de seus colaboradores, para se manterem inovadoras e competitivas no mercado. Mas, muitas vezes, acabam esbarrando em limitações criativas e não conseguem evoluir projetos da maneira planejada.
A Fixação Funcional é um desses problemas, podendo afetar mesmo pessoas consideradas extremamente criativas, dificultando todo o processo de resolução de problemas e evolução de produtos e projetos.


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O que é Fixação Funcional?
A Fixação Funcional é descrita como um fenômeno psicológico que faz com que as pessoas tenham dificuldade de enxergar a utilidade de um objeto além da convencional.
Como ela foi descoberta na psicologia
Em 1930, o psicólogo alemão Karl Duncker, fez uma dinâmica com um grupo de pessoas, onde ele entregou a cada um dos participantes uma caixa de tachinhas, uma vela e uma caixa de fósforos. O objetivo do desafio era que cada um conseguisse grudar a vela na parede, sem que a cera da vela caísse no chão.
Segundo os resultados descritos por Duncker, muitos participantes tiveram dificuldade em enxergar a caixa de tachinhas como um suporte de sustentação da vela e de captação da cera.
A caixa foi lhes apresentada, primariamente, como um armazenador de algo, por este motivo, desvincular o objeto dessa única função foi uma tarefa difícil para a maioria dos participantes da dinâmica.
Esse fenômeno psicológico, que leva uma pessoa a enxergar um objeto somente da forma como é usado tradicionalmente, foi descrito por Karl Duncker como Fixação Funcional.
Por que a Fixação Funcional é um problema nas empresas?
A condição neurológica da Fixação Funcional pode ser útil no dia a dia de uma pessoa, onde não é preciso solucionar problemas de maneira criativa constantemente. Porém, dentro das empresas e ambientes criativos, este fenômeno psicológico é um grande empecilho.
Segundo um relatório do Linkedin de 2019, a característica mais buscada pelas empresas em uma pessoa é a Criatividade. Devido ao avanço da automação, muitos trabalhos que antes eram desempenhados por humanos, hoje, podem ser substituídos pela tecnologia.
Por este motivo, o mercado tem valorizado, cada vez mais, as habilidades intrinsecadas do ser humano, como a criatividade, originalidade, pensamento crítico e iniciativa.
Além disso, a criatividade está intimamente ligada a inovação, que é uma das chaves para que uma empresa cresça e consiga se encaixar dentro do mercado mais facilmente. Como dito por Theodore Henderson, autor e coach de empreendedorismo, em um artigo da Forbes:
A inovação é vital no local de trabalho, pois oferece às empresas uma vantagem em penetrar nos mercados mais rapidamente e fornece uma melhor conexão aos mercados em desenvolvimento, o que pode levar a maiores oportunidades […]
Com todo esse cenário que busca amplamente manter a criatividade no topo, a fixação funcional aparece como uma grande barreira, que limita o desenvolvimento de ideias e de projetos. Além disso, ela pode aparecer de diferentes formas e em todos os departamentos de uma empresa.
No artigo da Harvard Business Review, Find Innovation Where You Least Expect It, de Tony McCaffrey e Jim Pearson, é abordado, além da Fixação Funcional, a Fixação de Design e de Objetivos, que também são fenômenos psicológicos que afetam a criatividade.
A Fixação de Design é a tendência de uma pessoa se fixar em recursos atuais de um produto, sem levar em consideração outros recursos disponíveis.
Ou seja, se é solicitado o desenvolvimento de um novo design para um produto, a equipe pode passar por um obstáculo à novidade, se prendendo as características que ele já possuía.
Já a Fixação de Objetivos é a restrição do pensamento, a respeito do objetivo de uma tarefa, à forma como ela é descrita. Para ficar mais claro, podemos usar o exemplo dado pelos autores do artigo da HBR:
Suponha que pedimos que você pense em uma maneira de aderir algo a uma lata de lixo. As chances são de que, como a maioria das pessoas, você pense em usar cola ou fita adesiva. Mas, e se pedíssemos para você prender algo na lata? Mudar um verbo específico como “aderir” para um mais geral provavelmente o faria listar uma gama maior de possibilidades: clipe de fichário, clipe de papel, prego, barbante, velcro e assim por diante.
Podemos olhar a Fixação de Design e a Fixação de Objetivos como derivações da Fixação Funcional, visto que todas são barreiras para o desenvolvimento criativo de uma pessoa.
É preciso saber lidar com estes fenômenos psicológicos, buscando não deixar a sua atitude mental influenciar na sua tarefa de solucionar problemas.

Como ultrapassar a barreira da Fixação Funcional
A Fixação Funcional, muitas vezes, é causada pela forma que descrevemos um objeto. É através do que sabemos sobre ele, funções e aparência, que o armazenaremos em nossas mentes, excluindo tudo aquilo que não tiver relação com ele.
Por este motivo, uma das maneiras de se ultrapassar esta barreira é através da Ressignificação de um objeto. É preciso descrevê-lo de diferentes maneiras, fugindo das explicações convencionais.
Para Tony McCaffrey, Diretor de Tecnologia do Innovation Accelerator, e o CEO Jim Pearson, é preciso considerar cada elemento de um objeto e se fazer duas perguntas:
- Ele pode ser decomposto mais vezes?
- Nossa descrição implica um uso específico?
Se a resposta for sim, para qualquer uma das perguntas, é preciso continuar detalhando os elementos, até que toda a descrição seja feita em termos gerais.
Outra alternativa, sugerida pela equipe da Harvard Business Review, é investir nos Brainswarming, uma alternativa ao Brainstorm, onde a equipe não verbaliza suas ideias, mas sim, escreve, para que nada seja perdido no processo.
Nos Brainswarming a equipe precisa identificar os problemas ou o objetivo de um produto e escrevê-lo no topo de um gráfico em forma de pirâmide. Na base é preciso colocar os caminhos para solucionar o problema ou atingir o objetivo.
No caso da Fixação Funcional, o mesmo processo pode ser desenvolvido pela equipe, mas se a necessidade for extrair o máximo de informações de um produto, o objetivo da dinâmica pode mudar.
Ao invés de buscarem caminhos para solucionar um problema, podem ser escritas palavras de descrição daquele objeto.
No entanto, o mais importante para não esbarrar na Fixação Funcional é sempre estar disposto a mudar as estratégias de criação e de inovação dentro de uma empresa. Se algo não está funcionando corretamente, não tenha medo de ousar e utilizar novas alternativas.
Além disso, o uso contínuo de um mesmo processo de criação pode acomodar uma pessoa, fazendo com que as ideias se tornem semelhantes e parecidas ao longo do tempo. Por isso, é sempre bom trazer novas dinâmicas e estimular a sua criatividade.
A inovação em uma empresa não é só para o cliente ver, mas também para a vivência da equipe. Um ambiente empresarial que cultiva a cultura da inovação internamente, tem mais chances de desenvolver soluções criativas e que mudem o mercado.
Exercite a sua Criatividade
O filósofo, psicólogo cognitivo e cientista da computação, Dr. Tony McCaffrey, da Universidade de Massachusetts Amherst, nos EUA, fez um estudo em que coletou e analisou cerca de 100 inventos modernos e 1.000 históricos, para compreender como as inovações surgem.
Os resultados trazidos por McCaffrey foi uma série de exercícios, baseados em sua Hipótese de Características Obscuras, que prometem transformar a relação das pessoas com o processo criativo e desenvolvimento de novas ideias.
De acordo com ele, o primeiro passo para mudar a sua atitude mental e desenvolver uma maior relação com a criatividade é mudar o seu olhar sobre as coisas.
É preciso observar os objetos de uma maneira diferente, a ponto de encontrar características não percebidas pelo olhar convencional. A partir disso, a segunda coisa a se fazer é desenvolver uma solução baseada nessas características.
Fomos desenhados para notar o que é mais comum. Porém, o que nos torna inovadores é ter múltiplos olhares para uma mesma coisa.
Dr. Tony McCaffrey
A decomposição de objetos em partes é um dos exercícios do desenvolvimento da criatividade. Você pode pensar em como cada parte de um objeto pode ser usada para outras tarefas ou buscar novos usos para ele, por exemplo.
O importante é que você consiga fazer estes exercícios, cada vez mais, de forma natural, desenvolvendo de maneira genuína um novo olhar sobre as coisas.

Conclusão
Não há inovação sem criatividade, e não há criatividade sem a imersão em uma cultura criativa. Empresas que buscam inovar e se manterem a frente no mercado, precisam começar a exercitar estas características em seus colaboradores.
A Fixação Funcional pode ser um bloqueio criativo, porém, existem diversos exercícios que são capazes de ultrapassar esta barreira, podendo abrir novos olhares a respeito das necessidades do mercado e novos projetos e produtos de uma empresa.
Ideias fora da caixa são pensadas por pessoas que possuem um olhar diferente e não convencional sobre as coisas. Exercitar o seu lado criativo é investir no desenvolvimento de uma capacidade mais do que necessária no mercado atual.