No ano de 2015 foi aprovado por uma Assembléia das Nações Unidas a comemoração do Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, na data do dia 11 de fevereiro. Essa iniciativa liderada pela UNESCO e pela ONU Mulheres, tem o objetivo de impulsionar e incentivar o surgimento de pesquisadoras e cientistas.
Muitas mulheres desenvolveram soluções e estudos dentro da área tecnologia e ciência, trazendo diversas mudanças para várias coisas que usamos atualmente. Para comemorar essa data tão importante e valorizar a presença feminina nesses setores, separei para vocês 9 mulheres que fizeram história na Ciência e na Tecnologia. Confira:
1. Katie Bouman

No dia 10 de abril de 2019, a primeira foto de um buraco negro foi registrada e divulgada para todo mundo. Até então, somente ilustrações e simulações de um buraco negro eram disponibilizadas, já que é um evento invisível e que, devido a pressão exercida pela força gravitacional, nada consegue escapar ao seu redor, incluindo a radiação eletromagnética.
Este feito histórico só foi possível graças ao projeto Event Horizon Telescope e uma jovem cientista, chamada Katie Bouman. Ela foi a responsável por liderar a criação de um algoritmo capaz de compreender os dados astronômicos, decifrando o que eles chamavam de invisível.
Katie iniciou com sua contribuição no projeto Event Horizon Telescope ainda com 27 anos, em 2016, quando era estudante de mestrado no MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação.
Desde então, ela passou a liderar a equipe que estava responsável pela criação do algoritmo que viria a possibilitar outros estudiosos a capturarem a primeira imagem de um buraco negro.
Segundo Katie, a primeira fotografia de um buraco negro abre uma nova janela para compreender a física. Em entrevista para a Nature Research, ela disse:
Estou interessada no próximo passo, onde podemos colocar um telescópio na Terra ou em qual orbita nós podemos colocá-lo para conseguirmos refinar mais a imagem. E simultaneamente, nós não podemos simplesmente decidir onde colocar esse telescópio, nós devemos fazer isso juntamente com o desenvolvimento de algoritmos que possam nos mostrar os melhores lugares para a captação de uma melhor imagem.
Atualmente, o foco de pesquisa de Katie é projetar sistemas que integram algoritmos e design de sensor, tornando possível a observação de fenômenos anteriormente difíceis ou impossíveis de medir com abordagens tradicionais.
2. Margaret Hamilton

É um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade.
Neil Armstrong, primeiro homem a pisar em solo lunar, conseguiu descrever muito bem o que significou todo o processo de desenvolvimento da missão Apollo 11. Para ele e Buzz Aldrin conseguirem pousar na Lua, muitos avanços, em diversas áreas do conhecimento, foram necessários, significando realmente um salto gigante para o progresso da humanidade.
Um desses grandes avanços foi na área da programação, onde a jovem de 25 anos, Margaret Hamilton, liderou a equipe do MIT, Instituto de Tecnologia de Massachusetts, no desenvolvimento do software utilizado no Apollo Guidance Computer, usado pelos astronautas no módulo de comando e também no módulo lunar, para navegar e controlar a nave.
Segundo relatos, três minutos antes da Apollo 11 pousar na Lua, o sistema de voo da nave comunicou que o Software estava sobrecarregado e não seria capaz de completar todas as tarefas. Entretanto, o bug já havia sido previsto por Hamilton, que programou o computador para priorizar as tarefas mais importantes.
Segundo a própria engenheira, em entrevista para a revista Datamation, em 1971:
Se o computador não tivesse reconhecido esse problema e tomado uma ação de recuperação, duvido que a Apollo 11 tivesse tido o pouso bem-sucedido na Lua.
Margaret Hamilton foi pioneira no ramo, mostrando a devida importância do desenvolvimento de software que, na época, não era levado a sério como o desenvolvimento de hardwares.
O nome Engenharia de Software foi, inclusive, criado por ela. Aos poucos, a Nasa foi reconhecendo o valor da programação e sua capacidade de colaborar fortemente no sucesso das suas missões.
Mesmo após a Apollo 11, o código escrito por Hamilton foi usado em outras missões, como na Skylab, a primeira estação espacial da NASA, e no programa do ônibus espacial.
3. As programadoras do ENIAC

No final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os americanos buscavam maneiras rápidas e precisas para calcularem a trajetória de mísseis, desde o momento em que saíam dos canhões até atingirem seus alvos. Antes, esses cálculos eram feitos a mão, o que exigia, em média, 30 horas para ficarem prontos.
Com o aumento do seu poder de fogo, o exército americano percebeu que contratar mais matemáticos para o desenvolvimento dessas contas era inviável. Por este motivo, os militares apostaram na construção de uma máquina que fosse capaz de realizar esses cálculos mais rapidamente, nascendo, assim, o Electronic Numerical Integrator and Computer, ENIAC.
Este computador gigante, que pesava, aproximadamente, 30 toneladas, possuía 18.000 válvulas e diversos cabos e interruptores, ocupando um andar inteiro da Universidade da Pensilvânia. Sua programação era complexa e a única coisa que foi entregue para as programadoras foram os diagramas lógicos dos painéis da máquina.
Devido a época, este trabalho seria destinado aos homens, porém, devido a guerra e as obrigações militares destinadas ao sexo masculino, foram contratadas mulheres matemáticas para programarem o ENIAC.
Ao todo, foram seis mulheres que se dedicaram a resolver a programação da máquina, tornando ela um grande avanço do exército americano. Segundo Jean Jennings, uma das programadoras originais do ENIAC, para o filme documentário The Computers:
Havia diagramas lógicos do ENIAC e nós supostamente tínhamos que estudá-los e descobrir como programá-lo. O ENIAC era horrível de programar!
Embora tenham feito um trabalho excelente, as programadoras do ENIAC tiveram suas histórias esquecidas. Logo após a apresentação da máquina ao público e o fim da guerra, elas foram aconselhadas a largarem seus trabalhos para dar estes postos aos homens. Nenhuma delas levaram os créditos pela programação do computador.
Somente nos anos 80, com uma curiosa aluna do curso de Ciência da Computação de Harvard, Kathy Kleiman, a história das seis programadoras veio à tona.
Após ver uma foto do ENIAC, que havia sido publicada nos jornais, ela percebeu que haviam duas mulheres nela. Sua curiosidade a fez buscar, através de documentos e relatos, quem elas eram e, somente assim, foi revelado ao mundo a história apagada do ENIAC.
4. Karen Spärck Jones

No mundo em que vivemos atualmente, é quase impossível não utilizar algum tipo de buscador para fazer as mais variadas perguntas diariamente. Esse tipo de atividade já é tão comum para as novas gerações, que o Google, maior serviço de buscas online, processa mais de cinco bilhões de solicitações de pesquisa todos os dias.
Porém, nada disso seria uma realidade se, anteriormente, a programadora Karen Spärck Jones não tivesse se tornado pioneira na Recuperação de Informação, IR, através do desenvolvimento do conceito de Frequência Inversa do Termo, base para os sistemas de busca e localização de conteúdo.
Diferente do que os cientistas faziam, ensinavam as pessoas a falarem a linguagem dos computadores para concluírem suas operações, Karen queria ensinar os computadores a compreenderem uma linguagem humana.
Por este motivo, ela se dedicou ao desenvolvimento de um sistema de recuperação de informações, que faz uma mineração dos dados de um documento, a partir de determinados termos, filtrando as informações que são importantes para aquela busca.
Os seus estudos foram desenvolvidos na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, entre os anos de 1974 até 2002. Suas fórmulas ainda são utilizadas por diversos pesquisadores e, recentemente, suas teorias começaram a ser aplicadas em pesquisas sobre inteligência artificial.
Karen morreu no ano de 2007 e, um pouco antes de seu falecimento, ela deu uma entrevista à Sociedade Britânica de Computação, onde ela disse:
Qualquer coisa que aplica indexação ponderada usando qualquer informação estatística estará usando uma função de ponderação que eu publiquei em 1972.
O seu legado foi imortalizado em 2008, na criação do prêmio Karen Sparck Jones, também pela Sociedade Britânica de Computação, que faz o reconhecimento dos pesquisadores da área de Recuperação de Informação.
Sua história, além do desenvolvimento de tecnologias importantes para o mundo atual, também é marcada pela luta feminista, sempre defendendo a inclusão de mais mulheres na computação, e na crítica à moralidade do universo da tecnologia:
Existe uma interação entre o contexto e a tarefa de programar. Você não precisa ter uma discussão filosófica cada vez que coloca os dedos em um teclado, mas como a computação está se espalhando cada vez mais longe na vida das pessoas, é preciso pensar sobre isso.
5. Mary Allen Wilkes

A programadora e designer de lógica, Mary Allen Wilkes, nunca havia pensado em se tornar uma das pioneiras da programação durante a sua adolescência, nos anos 50. Ela acreditava que seguiria no ramo do Direito e, por este motivo, cursou Filosofia e Teologia no Wellesley College.
Em 1959, na sua formatura, ela percebeu que seguir no ramo das leis seria muito difícil, devido o preconceito que as mulheres enfrentavam na área. E, se lembrando de um professor da oitava série que disse que ela seria uma programadora de computadores, ela decidiu mudar a sua caminhada profissional.
Mary confiou no que seu professor havia falado e no que havia ouvido durante a sua graduação, de que os computadores seriam a chave do futuro.
No dia da sua formatura, ela foi com seus pais até o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, MIT, e buscou uma oportunidade de trabalho dentro da área de programação. Mesmo sem experiência, ela conseguiu, pois todo o ramo ainda era muito recente e precisava de pessoas que buscavam construir algo.
Mary se dedicou extremamente a programação. Seu primeiro projeto foi no desenvolvimento de uma linguagem assembly para o IBM 704, um computador de cálculos de larga escala. Como não existiam teclados e teclas, tudo teve que ser feito a mão e entregue a um datilógrafo que traduziu os comandos em um cartão perfurado.
Porém, o seu trabalho de maior notoriedade foi na programação do LINC, Laboratory INstrument Computer, o primeiro minicomputador e, considerados por muitos, o precursor do desenvolvimento de computadores pessoais.
O objetivo do LINC era ser interativo e pequeno, capaz de ser usado em um escritório ou em casa. Todo o projeto era inovador, assim como o seu Software deveria ser. Mary se dedicou extremamente no desenvolvimento do código, trabalhando em todo o fluxograma e ponderando como as pessoas iriam se comunicar com o circuito da máquina.
Segundo Mary, ela passava noites totalmente imersa no trabalho:
Trabalhamos em todos os horários loucos e comemos todos os tipos terríveis de comida.
Mesmo quando o projeto LINC foi transferido de cidade, Mary continuou trabalhando em sua programação. Foi enviado um computador para a sua casa e todo o material necessário para o desenvolvimento dos códigos.
Por este motivo, ela também foi uma das primeiras pessoas a possuírem um computador pessoal em sua casa. Ela disse:
Meu pai se gabava disso. Ele dizia a qualquer um que quisesse ouvir: “Aposto que você não tem um computador na sua sala de estar.”
Hoje, segundo uma pesquisa de 2018, feita pela Fundação Getúlio Vargas, FGV, só no Brasil existem 5 computadores para cada 6 habitantes. Se isso é possível hoje em dia, Mary Allen Wilkes é uma das grandes responsáveis por isso.
6. Grace Hopper

Grace Hopper sempre se mostrou acima da média. Toda a sua vida acadêmica e profissional é interessante. Em 1934 ela obteve o seu doutorado em matemática e se tornou professora. Porém, quando os Estados Unidos entrou na Segunda Guerra Mundial, ela ingressou na Marinha, onde chegou até a patente de contra-almirante.
Foi na Marinha que ela obteve a oportunidade de trabalhar como programadora. Ela foi enviada para Harvard para trabalhar no projeto do primeiro computador de alta capacidade, o Mark I. Quando ela teve o seu primeiro contato com a máquina, se apaixonou, se dedicando totalmente no desenvolvimento de sua programação.
Ela se manteve no projeto, que se estendeu ao Mark II. Foi durante a sua atuação por lá que ela nomeou os famosos bugs de computador. Quando uma mariposa ficou presa em um relé de computador, afetando o sistema, ela retirou o inseto de lá e chamou o ato de debugging, que mais tarde viraria somente bug.
Além disso, Hopper também atuou em outros projetos de notoriedade, como no UNIVAC I, Universal Automatic Computer, o primeiro computador comercial que foi fabricado e vendido nos Estados Unidos.
A importância dessa iniciativa foi gigante, e 46 unidades do UNIVAC I foram vendidas para empresas de grande porte, como a General Electric, por cerca de um milhão de dólares. Uma unidade do computador também veio parar no Brasil, sendo comprada pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 1963, por três milhões de dólares.
Dentro do projeto da UNIVAC I, ela desenvolveu uma linguagem de programação chamada de Flow-Matic, que, mesmo sendo extinta atualmente, foi a precursora da COBOL, Common Business Oriented Language, que é utilizada ainda hoje no processamento de bancos de dados comerciais.
Mesmo não tendo participado de forma efetiva do desenvolvimento da COBOL, ela é apelidada de Vovó da COBOL, pela importância que a linguagem Flow-Matic, um compilador que utilizava ordens que se assemelhavam ao inglês, fez em todo processo de seu desenvolvimento.
Por conta da sua importância, em 1959, ela foi convidada para integrar o subcomitê da COBOL, que desenvolveu as especificações da linguagem. A reunião foi sediada no Pentágono e, além dela, foram chamadas outras seis pessoas para integrarem o time.
7. Hedy Lamarr

Hedy Lamarr é a mulher que podemos chamar de multifacetada. A austríaca é amplamente conhecida pelo seu trabalho no cinema, como atriz de Hollywood, porém, ela também foi uma inventora de alto nível, criando, inclusive, uma tecnologia precursora do sistema utilizado em telefones celulares, Bluetooth e Wi-Fi.
Desde a infância, Lamarr já mostrava muita curiosidade na área tecnológica, sempre desmontava e montava máquinas, sozinha, buscando compreender como elas funcionavam. Embora tivesse muita curiosidade, ela não teve uma formação formal dentro da área.
Em 1933, aos seus 19 anos, ela se casou com Friedrich Mandl, um fabricante de armas e munições. A empresa de seu marido era fornecedora do partido Nazista, e em 1937, infeliz com o seu casamento, Lamarr fugiu e migrou para os Estados Unidos.
Foi em terras americanas que Hedy pode se dedicar ao seu caminho como atriz, mas também a suas invenções. Na segunda guerra mundial, em 1940, ela queria desenvolver algo que fosse capaz de superar a potência bélica que os nazistas possuíam.
Lembrando dos conhecimentos adquiridos durante o seu casamento com o fabricante de armas, de que a taxa de falha de torpedos controlados por rádio era alta, Lamarr buscou desenvolver um aparelho que pudesse minimizar esses problemas, não tendo grande risco de interferência nos sinais.
Ela desenvolveu a invenção em conjunto com um amigo, o compositor e pianista, George Antheil, e em 1942 eles patentearam a invenção. Porém, o exército americano era muito resistente a acolherem invenções de civis. Isso só ocorreu anos depois, quando a patente já havia expirado, ou seja, eles nunca receberam um centavo pela invenção.
A invenção de Lamarr e Antheil foi extremamente importante para o desenvolvimento da tecnologia utilizada no Wi-Fi, mais tarde. Tanto que seu apelido atualmente é Mãe do Wi-Fi. Em 1997 a dupla de inventores recebeu o Pioneer Award da Fundação Fronteira Eletrônica e, em 2014, Hedy entrou no Hall da Fama Nacional de Inventores.
8. Elizabeth “Jake” Feinler

Elizabeth Feinler, apelidada de Jake, é uma cientista da computação dos Estados Unidos, que trabalhou no SRI International, um instituto de pesquisas e centro de inovação sediado na Universidade de Stanford, na Califórnia.
O Instituto SRI lançou em 1968 o projeto NLS, oN Line System, que buscava combinar o primeiro mouse de computador do mundo com uma interface gráfica de usuário. O projeto era inovador e tinha uma conexão com a ARPAnet, uma rede de computadores com troca de informações do Departamento de Defesa dos EUA, que entrou em funcionamento em 1969.
Elizabeth ficou responsável pela construção de um grupo que supervisionava a logística da administração da rede governamental, chamado NIC. Ela supervisionava a distribuição das páginas brancas e amarelas da ARPAnet.
Além disso, a NIC executava os servidores de endereço central da rede, ou seja, informava onde os documentos necessários estavam localizados. Segundo Elizabeth:
A NIC era como o Google pré-histórico. As pessoas vinham até nós para tudo.
Todo o processo demandado na SRI era trabalhoso e necessitava de tempo para ser feito. Com isso, Elizabeth e seu grupo começaram a trabalhar em alternativas para tornar a busca das páginas da ARPAnet mais fáceis. Foi ela a pioneira no DNS, Sistema de Nomes de Domínio, os famosos:
- .com
- .edu
- .gov
- .mil
- .org
- .net
O seu Sistema de Nomes de Domínio ainda está em uso atualmente, sendo amplamente usado para a organização de toda internet nos dias de hoje.
Elizabeth foi uma das fundadoras do Internet Engineering Task Force um grupo de técnicos, agências, fabricantes, fornecedores e pesquisadores que buscam desenvolver normas técnicas para a Internet.
9. Ada Lovelace

Ada Lovelace é realmente a primeira pessoa a se tornar o que, atualmente, chamamos de programadora. Ainda no século XIII, Ada já estava resolvendo problemas relacionados a codificação, dando um pequeno passo para o crescimento dessa área.
Filha renegada de Lord Byron, Lovelace foi introduzida a ciência e a matemática ainda na infância, por sua mãe Lady Anne Isabella, que temia que a filha herdasse o comportamento poético e boêmio de seu pai.
Aos 17 anos, Ada conheceu Charles Babbage, que estava lutando para construir a sua máquina de calcular que, mais tarde, seria reconhecida como a precursora do computador. Lovelace logo percebeu o grande potencial daquela máquina e, buscando auxiliar no seu desenvolvimento, se tornou tutorada de Charles.
Lovelace se dedicou ao máximo para fazer com que o projeto de Babbage saísse do papel. Para ela, uma máquina como aquela poderia ser muito mais do que uma calculadora mecânica, podendo ter a capacidade de modificar suas próprias instruções e memória. Em uma das suas anotações, ela mostra o que ela pensava sobre o computador de Charles:
Mais uma vez, [o mecanismo analítico] poderia agir sobre outras coisas além do número […] Supondo, por exemplo, que as relações fundamentais dos sons agudos, na ciência da harmonia e da composição musical, sejam suscetíveis a essas expressões e adaptações, o mecanismo pode compor peças musicais elaboradas e científicas de qualquer grau de complexidade ou extensão.
Para comprovar a sua tese, ela escreveu o que é, muitas vezes, citado como o primeiro programa de computador da história. A sua solução consistia em um algorítmo que poderia fazer com que a máquina de Babbage calculasse o número de Bernoulli.
Infelizmente, a máquina de Charles Babbage nunca ficou pronta e, devido a morte prematura de Ada Lovelace, ela nunca conseguiu ver o seu código em funcionamento. Porém, mesmo tardiamente, ela obteve seu reconhecimento como a primeira programadora da história.
Quando os seus estudos foram publicados em 1843, a tecnologia da época não era capaz de colocá-los em prática, mas, em 1953 as suas anotações e constatações foram publicadas no livro Mais rápido que o pensamento: um simpósio sobre máquinas de computação digital, de BV Bowden.
Além disso, em 1974 o Departamento de Defesa dos Estados Unidos deu início a um projeto de unificação das linguagens utilizadas pelos militares no país. Quando ela ficou pronta, em 1979, Jack Cooper, comandante da Marinha Americana, sugeriu que o nome da linguagem fosse Ada, sugestão acatada por todos.
Atualmente, a linguagem Ada é utilizada em vários países na operação de sistemas em tempo real e nos setores de saúde, aviação, financeiro, infraestrutura e espacial.