Analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central melhoraram suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2020. Apesar dos efeitos da pandemia de Covid-19 sobre a economia, a expectativa passou de uma retração de 6,5% para uma queda de 6,1% neste ano.
Para 2021, os economistas mantiveram a perspectiva de alta de 3,5% no PIB. A projeção para a inflação, por sua vez, foi de 1,63% para 1,72%. Já a estimativa para a taxa básica de juros, a Selic, foi mantida em 2% ao ano no fim de 2020.
Números como esse comprovam que o mercado já começa a ter uma reação e começa a se recuperar, mesmo que em passos cursos. Pensando nisso, elaboramos um panorama dos últimos dias 15 dias com os principais acontecimentos dos setores que tiveram certo destaque.
Geral
- Com a gradual reabertura da economia nas maiores cidades do país, grandes empresas começam a preparar o retorno de seus funcionários aos escritórios. Algumas, como Ambev, Nestlé e GPA, já recebem uma parte dos trabalhadores neste mês. EMS, Unilever e Deloitte deixaram a volta para agosto, a depender do cenário da pandemia. Em todos os casos, como era o esperado, com medidas sanitárias e distanciamento dos postos de trabalho. A maior parte das companhias também adotará um retorno gradual do quadro de funcionários, e algumas estudam home office definitivo. Além disso, a maioria das empresas afirma ter deixado que os próprios profissionais escolham se querem voltar aos escritórios.
- Segundo dados do IBGE, as vendas do comércio se recuperaram em maio, fechando o mês em alta de 13,9% após queda recorde de 16,3% no mês anterior. Trata-se do maior crescimento da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2000. Os números mostram, no entanto, que o comércio vendeu 7,2% a menos na comparação com maio de 2019. No acumulado do ano, o setor registra retração de 3,9%. As vendas fecharam o mês em um patamar 7,3% inferior ao registrado em fevereiro, último mês sem efeitos das medidas de isolamento social.
Automobilístico
- A venda de automóveis e comerciais leves usados em junho somou 546,5 mil unidades, revelando alta de 71,8% sobre maio. O crescimento foi motivado pela reabertura de lojas, concessionárias e Detrans, mas foi menor que o anotado no mês pelos zero-quilômetro. Os números foram divulgados pela Fenabrave, entidade que reúne as associações de concessionários.
- Após contabilizar expressiva queda de 50,5% nos volumes produzidos no primeiro semestre do ano (729,5 mil unidades) na comparação com o mesmo período de 2019, a associação dos fabricantes, a Anfavea, divulgou na segunda-feira, 6, sua primeira projeção de produção refeita após a chegada da pandemia de coronavírus ao Brasil. A entidade espera por retração de 45% no total de veículos montados em 2020, o que representa 1,63 milhão, o número mais baixo registrado desde 2002.
- Luiz Carlos Moraes, presidente da associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea, divulgou na segunda-feira, 6, que as empresas associadas somaram apenas 19,4 mil veículos exportados em junho. Apesar de o número representar um aumento de 401% em relação a maio, o setor não tem o que celebrar, já que o resultado foi negativo em 52% na comparação com junho do ano passado. No semestre, o resultado foi de queda de 46%, com 119,5 mil unidades vendidas a outros países.
- A exportação de autopeças deve voltar aos níveis registrados antes da quarentena já no primeiro trimestre de 2021, isso considerando a cotação do dólar mantida por volta de R$ 5 e também contando com a rápida normalização das condições econômicas em parceiros como Argentina, Estados Unidos e México. A estimativa é do Sindipeças, entidade que reúne fabricantes do setor.
- Os licenciamentos de motos em junho somaram 45,9 mil unidades, revelando alta de 57% sobre maio como consequência da reabertura tanto de Detrans como de concessionárias em boa parte do País. Já a comparação com junho de 2019 indica queda de 42,7%. Os números foram divulgados pela Fenabrave, que reúne as associações de concessionários.
- Pela primeira vez desde o início da pandemia de coronavírus no Brasil o mercado de veículos leves superou a marca de 100 mil unidades emplacadas em um mês. Após resultados muito impactados pelo fechamento de concessionárias e Detrans, o volume de junho somou 122.790 automóveis e utilitários leves emplacados, segundo dados obtidos por Automotive Business. O resultado superou as expectativas de analistas e entidades do setor como Fenabrave e Anfavea. O total de emplacamentos registrados em junho é mais que o dobro do verificado em maio (56.639), representa alta de 117% sobre o mês anterior.
E-commerce
- A pesquisa realizada pelo Mastercard SpendingPulse, índice que rastreia as vendas gerais do varejo, em todos os tipos de pagamento (incluindo dinheiro e cheque), avaliou que as vendas pelo e-commerce cresceram 75% no mês de maio, assim como a média de crescimento dos últimos três meses (março, abril e maio) foi de mais de 48%. Ambos acima do registrado no primeiro trimestre, que foi de 14%.
Energia Solar
- A fonte solar fotovoltaica totalizou 686 megawatts (MW) médios na primeira quinzena de junho, um crescimento de 35,1% em relação ao mesmo período de 2019. Os dados se referem às grandes usinas e fazendas solares e foram divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Farmacêutico
- O e-commerce de produtos farmacêuticas atingiu quase 8% de participação em todas as vendas desse segmento em abril, segundo dados da Mastercard citados em relatório do banco BTG Pactual. Antes da pandemia, a média geral de participação online no varejo brasileiro era de cerca de 6%m com projeção de que termine o ano em mais de 10% diante do crescimento do e-commerce neste ano.
Financeiro
- As fintechs somaram US$ 83 milhões em investimentos no primeiro semestre de 2020, US$ 53 milhões entre maio e junho, no auge da pandemia do coronavírus. Destaque para as startups financeiras de crédito e de pagamento, as mais utilizadas no Brasil. De março a junho deste ano, elas foram responsáveis por mais de 2 milhões de concessões de crédito, uma média de 17,2 mil contratos fechados por dia. O setor acredita que o mercado vai expandir ainda mais depois que o Banco Central iniciar o Open Banking, que autoriza o compartilhamento de dados financeiros em plataformas digitais, e o PIX, que permite pagamentos instantâneos.
Food Service
- A produção nacional de bebidas cresceu 65,6% em maio frente a abril em período de pandemia de coronavírus, de acordo com a PIM (Pesquisa Industrial Mensal), divulgada na quinta-feira, 2 de julho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do resultado positivo, o crescimento não foi suficiente para reverter a queda de 26,3% acumulada em março e abril. Segundo o IBGE, os dados refletem os impactos da pandemia de coronavírus na economia brasileira.
Franquias
- Para acompanhar de perto os reflexos da pandemia de COVID-19, a Associação Brasileira de Franchising (ABF), em parceria com a empresa de pesquisas AGP, vai passar a medir mensalmente o desempenho do setor de franquias no Brasil. O primeiro mês avaliado foi o de abril. O estudo apontou que a queda média no faturamento das franquias no país foi de 48,2% no período. Os segmentos mais afetados foram Turismo, Entretenimento, Alimentação e Saúde, Beleza e Bem-Estar.
Saúde
- Um balanço divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostrou que os planos de saúde no Brasil perderam 283 mil clientes em dois meses, em meio à pandemia de Covid-19. O volume de beneficiários de planos caiu de 47,113 milhões para 46,829 milhões entre março e maio deste ano. A maior queda no número de clientes foi registrada nos contratos empresariais, o que reflete a crise econômica causada pela pandemia. Apesar da queda, a ANS considera o cenário atual estável: comparado a maio do ano passado, o número de usuários de planos de saúde caiu 0,26%.
Shopping Centers
- Apesar de estarem com as portas abertas, muitos shoppings têm tido dificuldades para atrair a clientela em meio à pandemia. Lojistas ouvidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo relatam vendas médias 90% inferiores às registradas antes da crise gerada pelo novo coronavírus.
Varejo Geral
- Um indicador do governo federal que passou a ser divulgado recentemente mostra que o país registrou R$ 23,9 bilhões de vendas com notas fiscais eletrônicas em junho. É a segunda vez que os dados são apresentados pela Receita Federal. Os números refletem principalmente as vendas entre as empresas de médio e grande porte. Está incluído também o ecommerce.
- As vendas no varejo subiram 13,9% em maio na comparação com abril, mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado foi bem melhor que o esperado, uma vez que a expectativa mediana dos economistas compilada no consenso Bloomberg apontava para uma alta de 5,9% depois da queda de 16,8% registrada em abril. É a maior alta da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2000.Contudo, na comparação com maio de 2019, as vendas no varejo caíram 7,2%, diante de projeções para uma contração de 13,2%.
Varejo de Calçados
- O varejo de calçados encerra o primeiro semestre de 2020 com queda de 53% nas vendas, o que correspondeu a uma perda de receita de R$ 13,6 bilhões. Desde de que a pandemia de covid-19 passou a afetar o varejo brasileiro, no fim de março, o setor registrou perda de vendas de R$ 13,2 bilhões. Os dados são de um levantamento da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos de Calçados (Ablac).
Varejo Supermercadista
- A rede Hirota Food Supermercados e lojas express apresenta o seu novo modelo de lojas para condomínios residenciais. Criada durante a pandemia do Covid 19, este modelo de operação atenderá condomínios residências que tenham mais de 300 apartamentos. São mais de 500 skus que estarão à disposição em uma loja totalmente baseada no conceito Honest Market.
- Mesmo sem divulgar os resultados do 2º trimestre, Pão de Açúcar apresentou crescimento nas vendas online em abril e maio e prevê que a cultura do e-commerce permaneça após o isolamento social. Somente no primeiro trimestre, houve uma evolução de 82% no e-commerce da rede, com crescimento de todas as modalidades de entrega. A última atualização é que as vendas online representavam 7% da receita bruta do Pão de Açúcar. De acordo com fontes internas, a varejista pretende lançar um marketplace alimentar ainda esse ano.