Sem uma aplicação efetiva dos programas sociais e de apoio ao emprego do governo, a pandemia do novo coronavírus pode levar mais 5,7 milhões de brasileiros para a pobreza extrema.
Segundo dados do Banco Mundial divulgados pelo jornal “Valor Econômico”, a situação representaria um aumento de 60% na pobreza extrema no país, o que significa 15 milhões de pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia. Se isso ocorrer, a taxa de pobreza extrema, que estava em 4,4% no ano passado, subirá para 7% ainda em 2020.
Números como esse deixam ainda mais claro a complicada situação que a sociedade tem enfrentado. Porém, o momento atual é de planejamento para reabertura de estabelecimentos, o que merece atenção porque pode agravar ainda mais a situação.
Diante disso, abaixo está um panorama feito dos últimos dias 15 dias com os principais acontecimentos dos setores que se destacaram, de forma positiva ou não.
Geral
- O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) caiu 22 pontos em abril e atingiu o patamar de 58,2 pontos, o menor patamar já registrado desde setembro de 2005. A confiança caiu entre consumidores de todas as faixas de renda, mas sofreu uma queda mais brusca nas famílias com menor poder aquisitivo, de até R$ 2,1 mil. O indicador que mais contribuiu para a queda da confiança é o que mede a intenção de compras de bens duráveis nos próximos meses. O número despencou 35,6 pontos e atingiu 21,1 pontos, número mais baixo já atingido desde 2005.
Automobilístico
- As vendas de carros e comerciais leves na primeira quinzena de abril desabaram. Foram emplacados apenas 18.814 veículos leves, uma queda de 82,2% em relação ao mesmo período do ano passado e quase o mesmo, 81,7%, sobre a primeira quinzena de março. O resultado é consequência do fechamento das concessionárias, que guardam quarentena por causa da pandemia do coronavírus.
- As ações de combate ao coronavírus afetaram parcialmente o comércio internacional de autopeças em março, sobretudo a partir da segunda quinzena. As exportações no mês somaram US$ 528 milhões, resultando em queda de 20,3% em relação a fevereiro. É uma retração importante quando se considera que os embarques no terceiro mês são quase sempre melhores que os do segundo.
Energia
- Pela primeira vez na história, as fontes solar e eólica, combinadas, ultrapassaram as hidrelétricas em capacidade instalada global em 2019, conforme aponta relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia Renovável. O mundo alcançou 2.537 GW de capacidade instalada acumulada em fontes renováveis no ano passado. Com 1.190 GW, a fonte hídrica ainda representa sozinha a maior fatia (47%), mas a expansão das fontes eólica (25%) e solar fotovoltaica (23%) já soma 1.209 GW, com capacidades de 623 GW e 586 GW, respectivamente.
E-commerce
- Com a manutenção da quarentena, o e-commerce continua como alternativa para o varejo. Com o impulsionamento da migração de lojas físicas, a primeira quinzena de abril registrou um aumento de 36% no número de pedidos em relação à primeira quinzena de março, quando o fechamento do comércio ainda não havia sido decretado. Os dados são da plataforma de e-commerce Nuvemshop, que registrou crescimento de 60% no número de novas lojas.
- O e-commerce cresceu 26,7% nos primeiros três meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo o faturamento de R$ 20,4 bilhões, segundo um levantamento do Compre&Confie. O volume de compras realizadas pela internet chegou a 49,8 milhões, número 32,6% maior do que o do primeiro trimestre de 2019. Ainda segundo o estudo, o tíquete médio dos pedidos realizados no primeiro trimestre foi de R$ 409,50, valor 4,5% menor do que o registrado em 2019.
- Um estudo feito pela Corebiz, empresa de inteligência para marcas do varejo, mostra que as vendas online no segmento alimentício cresceram 330% em março no comparativo com o mês de fevereiro. A alavancagem no setor teve início no dia 16 de março, quando a campanha pela quarentena contra o coronavírus ganhou força no País.
Fidelização
- O mercado de fidelidade faturou R$ 7,7 bilhões em 2019, valor que representa uma alta de 11,6% em comparação com o ano anterior. Apenas no quarto trimestre, o setor somou R$ 2,1 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF). Segundo a entidade, a principal fonte de acúmulo de pontos é o varejo.
Financeiro
- O Mercado Pago, fintech do Mercado Livre, concederá novas linhas de crédito no valor de R$ 600 milhões, destinadas a microempreendedores. A medida irá beneficiar pequenos vendedores online e offline do Mercado Livre e do Mercado Pago, que não são contemplados pelo auxílio público ou que têm restrição de crédito no sistema financeiro tradicional.
- O volume de acesso a aplicativos financeiros aumentou 35% durante a pandemia da Covid-19 no Brasil. Os dados são da Liftoff, empresa de marketing de aplicativos. Segundo Antonio Affonseca, responsável pela operação da Liftoff no Brasil, esse crescimento era esperado, já que as agências bancárias estão fechadas e o auxílio emergencial do governo pode ser requerido via aplicativo.
- Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos, os cinco maiores bancos do país liberaram R$ 266 bilhões em novos empréstimos, entre contratações, renovações e parcelas suspensas durante a pandemia do novo coronavírus. As informações são de 16 de março a 17 de abril e se referem a Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander. De acordo com estimativa da Febraban, o volume representa um aumento de 22,2% em relação a março do ano passado.
- O Santander adquire 50,1% das ações da Ebury, plataforma internacional de pagamentos, câmbio e gestão de fluxo de caixa. O investimento na operação foi de £350 milhões (cerca de R$2,4 bilhões) e intensifica a estratégia digital do banco de oferecer às pequenas e médias empresas (PMEs) as ferramentas para sua expansão internacional, por meio de serviços globais de trade finance.
Food Service
- As vendas globais da Nestlé por meio de e-commerce cresceram 29,4% no primeiro trimestre deste ano, resultado do comportamento do público de estocar alimentos, sobretudo no mês de março. Pela primeira vez, as vendas online superaram a marca de 10% de participação nos negócios da multinacional de bens de consumo com sede na Suíça.
Shopping Centers
- O Shopping Penha, localizado na cidade de São Paulo, em parceria com diversas lojas do empreendimento, desenvolveu o sistema drive-thru para o Dia das Mães. Os clientes podem efetuar a compra dos presentes por meio dos sites, WhatsApp e redes sociais das marcas. O shopping Iguatemi Esplanada (Votorantim – SP) também adotou a tática e incluiu algumas restrições como a higienização de todos os produtos e embalagens e o uso de máscara, luva e álcool em gel.
Streaming
- De acordo com uma pesquisa da FactSect, a quarentena forçada para conter a pandemia do novo coronavírus fez a Netflix ganhar praticamente o dobro de assinantes que o previsto por analistas no primeiro trimestre. A empresa de streaming adicionou 15,77 milhões de assinantes pagos globalmente no período. Além disso, as ações da empresa, que subiram cerca de 35% este ano, avançaram 4% no after-market. No primeiro trimestre de 2020, a receita total da Netflix aumentou para R$ 30,5 bilhões, ante R$ 23,9 bi no trimestre anterior.
Tecnologia
- Durante o primeiro mês de isolamento social devido à pandemia de Covid-19, as compras feitas por meio de aplicativos cresceram 30% no Brasil, de acordo com levantamento do Instituto Locomotiva, divulgado na quarta-feira (29). A alta foi significativa em dois grupos populacionais: o de pessoas com mais de 50 anos de idade e o das classes C, D e E, que, somadas, representam mais da metade dos consumidores do país.
Varejo Geral
- O comércio registrou queda de 20,1% no movimento durante o primeiro mês de restrições por conta do Covid-19. O resultado considera o período entre os dias 17 de março e 15 de abril, na comparação com os 30 dias anteriores (16 de fevereiro a 16 de março). Os dados são da Boa Vista, empresa de inteligência analítica. O segmento de Móveis e Eletrodomésticos apresentou queda de 56,2%, enquanto o setor de Tecidos, Vestuários e Calçados recuou 7,8% e o de Supermercados, Alimentos e Bebidas caiu 0,5%. Segundo a Boa Vista, o indicador acompanha o desempenho das vendas no varejo em todo o Brasil. No mês de março, o movimento do comércio teve retração de 5,1%.
- O GPA fechou o primeiro trimestre deste ano com receita bruta de R$ 15,9 bilhões no Brasil, o que representa crescimento de 15% em comparação com o mesmo período de 2019. As vendas no conceito ‘mesmas lojas’, que engloba unidades em operação há pelo menos 12 meses, subiram 6,9%.
- Ao realizar uma “transformação digital” as empresas podem aumentar em até 92% o seu faturamento. É o que diz o estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em parceria com Oasis Lab Innovation Space. Para as empresas do varejo, os investimentos em ferramentas utilizadas para a contribuição na transformação digital nas lojas físicas traduzem em redução dos custos gerais da empresa e também em diferencial competitivo, diz o levantamento.
- Quase 8 em cada 10 shoppers (78%) estão experimentando as diferentes formas de varejo online neste momento, como e-commerce, compra por aplicativo e pedidos via WhatsApp. No entanto, numa escala a 0 a 10 a avaliação geral é de que a nota para a experiência não passa de 4, segundo sondagem com 1.800 entrevistas online realizada pela Connect Shopper.
- Quase 80% dos consumidores estão comprando apenas produtos essenciais em meio à quarentena para conter o avanço da covid-19, mostram recortes específicos das pesquisas de confiança na Fundação Getulio Vargas (FGV). Entre os consumidores, 79,1% disseram que estão comprando apenas o essencial. Na média geral, apenas 15,4% do total de entrevistados responderam que, “por enquanto, não foram afetados”.
- De acordo com a pesquisa “Projeção de Vendas” Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo, o varejo ampliado, que inclui material de construção e automóveis, deve registrar uma retração de 5,62% em abril, comparado ao mês anterior. Já em relação ao mesmo período de 2019, a previsão é uma queda de 16,94% nas vendas.
Varejo Supermercadista
- O faturamento nominal do setor supermercadista cresceu 15,9% desde o início do surto de Covid-19 no Brasil. Os dados são de levantamento da Cielo e consideram as vendas do início de março até a segunda semana de abril, em relação ao período comparável antes da pandemia.
- Durante a quarta edição do SA Varejo Webinar Series, debate online idealizado pela SA Varejo, Luis Gennari, presidente da Vigor Alimentos , dividiu com o público dados de pequisas segundo as quais nada menos do que 25% dos brasileiros trocou o supermercado que frequentava habitualmente por outra loja durante a pandemia.